Prólogo
| Portugal na Idade Média
| Acervo existente
| As Descobertas
| Cartografia e Náutica
Novos Mundos – Velhos Impérios
| Portugal no Ultramar
| Os Gabinetes de Curiosidades
Portugal no século XVI
| Conflitos internacionais
| A imagem do Outro
Os modelos de conhecimento tradicionais e as constelações políticas, no final da Idade Média, influenciaram o início das viagens de descobertas dos portugueses. As percepções geográficas, na Europa, baseavam-se, sobretudo, nas obras de autores da Antiguidade. Na Idade Média, estas foram sendo, crescentemente, corrigidas e completadas através de roteiros de viajantes individuais, embora, seguramente, as representações de Marco Polo fossem as que ganharam mais celebridade. Simultaneamente, porém, a visão europeia do mundo que se situava fora da Europa, estava replecta de figuras fabulosas e de monstros.
A forma esférica da Terra já era conhecida dos antigos e também na Idade Média não fora refutada pela maioria dos letrados. Na representação cartográfica, há muito que predominava a tradição dos mapas-mundo circulares, embora no Mappae Mundi Celeste, Jerusalém se encontrasse no centro da ecuménia. No século XIII, apareceram os primeiros mapas portulanos, com a costa do Mediterrâneo, contendo novas informações para os marinheiros. Uma grande parte do conhecimento antigo fora traduzida, adicionalmente, a partir do século VI, para as línguas do Próximo Oriente. Na Idade Média, retroversões do árabe, completadas por avanços próprios, enriqueceram o nível de conhecimento europeu. Os centros deste intercâmbio de conhecimento, para os quais as pesquisas de especialistas muçulmanos, judeus e cristãos fluíam, eram a Espanha e a Sicília. Por transmissão árabe, estabeleceu-se, na Europa, no século X, a escrita numérica da Índia. A ›redescoberta‹ e a divulgação, na Baixa Idade Média, dos escritos de Ptolomeu, que vivera no século II d.C., proporcionaram um impulso no desenvolvimento da Geografia.
O comércio com especiarias asiáticas, na Europa, passou a ser dominado pelas Cidades-Estado da Itália, no final da Idade Média. Estas Cidades-Estado adquiriam os produtos na costa oriental do Mediterrâneo, dos Mamelucos que, por sua vez, dominavam extensas regiões do Levante, assim como do Egipto e do Mar Vermelho. Porém, a partir de meados do século XV, a sua hegemonia foi ficando ameaçada com a expansão do Império Otomano. Para Portugal, face à relação dos poderes políticos constituídos, uma participação lucrativa no comércio com a Ásia só seria possível através de uma alternativa via marítima para a Índia.
Opus Quadripartitum de Claudio Ptolemeo,
tradução do árabe para o latim, França Ocidental?,
segunda metade do século XII,
Wiesentheid, Kunstsammlungen Graf von Schönborn
Panorama de Constantinopla,
in: Sebastian Münster, Cosmographia, Basiléia, cerca de 1550
Berlim, Deutsches Historisches Museum